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A reprogramação de células somáticas foi publicada para algumas

doenças neurológicas. Porém, uma leitura crítica revela que foram poucos

estudos realmentemostraramque é possível recapitular o fenótipo humano

em neurônios derivados das iPSC. O derivação de neurônios oriundos de

iPSC foi descrita para formas esporádicas de doenças neurodegenerativas

de sintomas tardios como Esclerose Amiotrófica Lateral (ELA) e a doença

de Parkinson (Dimos et al., 2008; Park et al., 2008; Soldner et al., 2009).

Pela perspectiva da reprogramação celular, é formidável observar que

fibroblastos de pacientes idosos (até 85 anos de idade) de pacientes com

ELA e Parkinson foram capazes de gerar iPSC com eficiência semelhante a

fibroblastos de pacientes mais jovens. Apesar da empolgação com esses

trabalhos iniciais, nenhum dos artigos demonstrou fenótipos relacionados

à doença em células afetadas. É possível que os fenótipos celulares só

vão surgir com o passar dos anos, exatamente como acontece no corpo

dos pacientes. Isso tornaria o processo altamente ineficiente devido as

dificuldades técnicas em se manter neurônios funcionais em cultura por

tanto tempo. Encontrar situações que simulem o envelhecimento precoce,

por exemplo aumentado as espécies reativas de oxigênio no meio de

cultura, parece ser uma saída criativa.

A modelagem parcial, com a geração espontânea de um fenótipo em

laboratório, foi observada para duas doenças monogenéticas com sintomas

precoces: Atrofia Muscular Espinhal (AME) e Disautonomia Familial (DF)

(Ebert et al., 2009; Lee et al., 2009). Ambas as doenças são autossômicas

recessivas e tem em comum a rápida progressão nos primeiros anos

de vida. Além disso, ambas as doenças são associadas com a perda de

função de genes envolvidos no processamento de RNA. A AME representa

um grupo de doenças recessivas causadas por deleções ou mutações

pontuais nos genes SMN (Survival Motor Neuron). O gene SMN1 codifica

para uma proteína envolvida no processamento de RNA (Lorson et al.,

1998). AME tipo1 é caracterizada por mutações no gene SMN1, levando a

uma degeneração rápida dos neurônios motores, induzindo uma atrofia

muscular grave. Os sintomas aparecem por volta dos 6 meses de idade e a

morte do portador acontece por incapacidade respiratória antes dos 2 anos

de idade. Células iPSC de um único paciente AME foram caracterizadas e

diferenciadas em neurônios motores. Quando comparadas com neurônios

motores derivados de iPSC de um controle materno normal, não portador

da doença, verificou-se que as AME-iPSC produziram um número reduzido