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De forma concisa, a reprogramação genética consiste no retorno a

uma forma mais plástica e potente a partir de uma célula já diferenciada, ou

especializada. Por exemplo, pode-se usar a célula da pele de um indivíduo

adulto e transformá-la numa célula não-especializada, indiferenciada e com

a capacidade de se dividir indefinitivamente. Essa célula indiferenciada e

imortal teria o potencial de se especializar novamente na mesma célula da

pele, ou em outro tipo celular qualquer, mesmo num neurônio. Em resumo,

consegue-se obter células-tronco embrionárias sob encomenda, usando o

mesmo material genético do paciente e evitando uma eventual rejeição

em caso de transplante.

Apesar da idéia de um transplante sem rejeição ser extremamente

atraente para os interessados numa eventual terapia celular, os

experimentos de Yamanaka permitem trazer a realidade o sonho de

muitos neurocientistas: capturar o genoma humano de um paciente

em células-tronco pluripotentes e usá-las para a produção ilimitada de

células especializadas do sistema nervoso(Muotri, 2009). Apesar de iPSC

geradas do próprio paciente serem, em teoria, menos imunogênica para

eventuais terapias de transplante, o foco desse artigo está voltado para

futuras aplicações clinicas dessa tecnologia

in vitro

, como a modelagem

de doenças neurológicas e o uso biotecnológico para descoberta de novos

medicamentos através da triagem de drogas.

2. IPSC PARA O ESTUDO DE DOENÇAS

NEURODEGENERATIVAS HUMANAS

Doenças que podemsermodeladas pela reprogramação celular podem

ser raras, monogenéticas ou no amplo espectro de doenças esporádicas

ou multifatoriais. Até o presente momento, não existe publicação científica

demonstrando a utilidade da tecnologia de iPSC para modelar esse último

grupo de doenças complexas. Possivelmente, tem sido complicado obter

resultados conclusivos a partir desse tipo de doença complexa devido aos

diferentes

backgrounds

genéticos e influências do ambiente. Vale notar que

mesmo doenças monogenéticas também podem apresentar uma grande

variabilidade fenotípica. Será necessário determinar se a variação genótipo-

fenótipo observada nos pacientes será reproduzida por neurônios gerados

a partir de iPSC dos pacientes ou se a reprogramação irá eliminar o “ruído”

ambiental ou epigenético.