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1. INTRODUÇÃO

Biopsias do sistema nervoso periférico são frequentes e muitas vezes

executadas com o objetivo de investigar o processo patológico em alguns

pacientes. No entanto, devido a característica extremamente invasiva do

procedimento, biopsias no sistema nervoso central (SNC) são apenas feitas

em condições especiais e raras. Essa incapacidade de explorar o cérebro de

um indivíduo vivo limita em muito nosso conhecimento sobre o avanço

de doenças do desenvolvimento e neurodegenerativas. Atualmente,

nosso conhecimento sobre os fenótipos celulares relacionados como

doenças humanas do SNC são oriundos de tecidos post-mortem, não

necessariamente preservados de forma apropriada. Além disso, na grande

maioria dos casos, os tecidos representam apenas o estágio final da doença,

eliminando a possibilidade de explorar os eventos iniciais responsáveis

pela cascata de alterações celulares que leva ao resultado final, seja ele

alterações estruturais ou mesmo morte celular.

Modelos animais são extremamente úteis porque podem reproduzir

diversas formas de doenças genéticas humanas neurodegenerativas.

Modelos transgênicos ou

knockouts

produziram inúmeros

insights

sobre

novos mecanismos moleculares por trás de diversas patologias humanas,

gerando novas possibilidades de intervenção terapêutica. Atualmente,

esses modelos são restritos a doenças monogenéticas, limitando o espectro

de uso e apenas representando um número pequeno de doenças humanas

passiveis de modelagem. Dificuldades técnicas, diferenças entre espécies e

diferenças nos

backgrounds

genéticos, acabam por interferir no processo

de modelagem animal, mesmo no caso de doenças monogenéticas. Em

muitos casos, a tecnologia de transgênicos ou

knockout

não consegue

reproduzir os sintomas humanos em animais, indicando uma necessidade

clara de modelos humanos.

Os experimentos originais de reprogramação celular, liderados pelo

pesquisador japonês Shinya Yamanaka, surpreenderam a comunidade

científica por quebrar o dogma de que células especializadas do corpo

humano teriamuma identidade vitalícia (Takahashi et al., 2007). A expressão

forçada de um grupo de fatores de transcrição, genes relacionados ao

estado pluripotente, tem a capacidade de redirecionar a identidade de

células especializadas, representa uma forma extraordinária de demonstrar

a flexibilidade celular. Essa volta induzida ao estagio embrionário

pluripotente foi batizado de iPSC (do inglês,

induced pluripotent stem cells

).