Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  63 / 72 Next Page
Basic version Information
Show Menu
Previous Page 63 / 72 Next Page
Page Background

63

das famílias ali. Quando aconteceu a primeira audiência pública, eu disse

“agora vamos partir para o projeto de lei”. Conheci Ulisses da costa Batista

e Eloah Antunes, que foram dois pais que muito me ajudaram. Quando

nós falamos em lei estadual eu disse: “gente, vamos logo para federal!”.

Quando eu comecei a lutar pelo Projeto de Lei, eu sabia que conseguiria,

só precisava encontrar a pessoa certa. Pois tudo que a gente luta, persiste

e não desiste acaba acontecendo. E o projeto de Lei Federal começou a

tomar corpo quando o Senador Paulo Paim nos abriu as portas do Senado

e Senador Cristovam Buarque, que era presidente da Comissão de Direitos

Humanos, aceitou nosso pedido para uma audiência pública. A primeira

audiência foi muito emocionante e nós saímos com a proposta do Senador

Paim de escrever a Lei. Nós escrevemos na minha casa e passamos para

a Defensoria Pública para nos apoiar. Nós fomos a vários lugares para

aperfeiçoar o Projeto de Lei. Em fevereiro de 2010, nós protocolamos

o Projeto de lei. Mas ele ficou parado, então começamos a instigar, pois

nos diziam “aqui tudo cabe na medida em que vocês instigam”. Fizemos

campanhas pela internet para que todos enviassem e-mails etc. e as coisas

foram acontecendo. Depois, nós aperfeiçoamos mais ainda o Projeto de Lei,

com o apoio de vários especialistas. Em todas as comissões o Projeto de Lei

obteve aprovação por unanimidade, mas se arrostou na Câmara, quase foi

engavetado. Foram três anos e meio de muita luta. Quando nós achávamos

que estava tudo certo, chegava um parecer desfavorável, sempre tinha

alguma coisa, desmoronava tudo. Era tudo dificultado para nós.

Que fator definiu a aprovação? Houve alguma mudança nesse

contexto de lutas?

Nós demos um cansaço neles. Todas as despesas com as viagens até

Brasília era por nossa conta. Eu dizia para Ulisses: “eu tenho uma poupança

só para isso. Se eles me chamarem amanhã eu vou de novo e de novo...”.

Se eles me chamassem três vezes numa mesma semana, eu ia três vezes

a Brasília. Eram muitas as dificuldades. Nós sabíamos em que comissões

éramos perseguidos e acolhidos. O que mais doeu foi no final, o parecer

desfavorável do Ministério da Saúde, que não compareceu em nenhuma

das comissões e audiências públicas em que passamos. Mas eu já tinha

conseguido chegar à Casa Civil e despertar a simpatia deles para a nossa

causa. Então, eu liguei para aministra Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e pedi que

nos ajudasse, porque tínhamos lutado tanto para a aprovação da Lei. Então,

o Ministério da Saúde ligou para mim para pedir desculpas, mudando o