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das famílias ali. Quando aconteceu a primeira audiência pública, eu disse
“agora vamos partir para o projeto de lei”. Conheci Ulisses da costa Batista
e Eloah Antunes, que foram dois pais que muito me ajudaram. Quando
nós falamos em lei estadual eu disse: “gente, vamos logo para federal!”.
Quando eu comecei a lutar pelo Projeto de Lei, eu sabia que conseguiria,
só precisava encontrar a pessoa certa. Pois tudo que a gente luta, persiste
e não desiste acaba acontecendo. E o projeto de Lei Federal começou a
tomar corpo quando o Senador Paulo Paim nos abriu as portas do Senado
e Senador Cristovam Buarque, que era presidente da Comissão de Direitos
Humanos, aceitou nosso pedido para uma audiência pública. A primeira
audiência foi muito emocionante e nós saímos com a proposta do Senador
Paim de escrever a Lei. Nós escrevemos na minha casa e passamos para
a Defensoria Pública para nos apoiar. Nós fomos a vários lugares para
aperfeiçoar o Projeto de Lei. Em fevereiro de 2010, nós protocolamos
o Projeto de lei. Mas ele ficou parado, então começamos a instigar, pois
nos diziam “aqui tudo cabe na medida em que vocês instigam”. Fizemos
campanhas pela internet para que todos enviassem e-mails etc. e as coisas
foram acontecendo. Depois, nós aperfeiçoamos mais ainda o Projeto de Lei,
com o apoio de vários especialistas. Em todas as comissões o Projeto de Lei
obteve aprovação por unanimidade, mas se arrostou na Câmara, quase foi
engavetado. Foram três anos e meio de muita luta. Quando nós achávamos
que estava tudo certo, chegava um parecer desfavorável, sempre tinha
alguma coisa, desmoronava tudo. Era tudo dificultado para nós.
Que fator definiu a aprovação? Houve alguma mudança nesse
contexto de lutas?
Nós demos um cansaço neles. Todas as despesas com as viagens até
Brasília era por nossa conta. Eu dizia para Ulisses: “eu tenho uma poupança
só para isso. Se eles me chamarem amanhã eu vou de novo e de novo...”.
Se eles me chamassem três vezes numa mesma semana, eu ia três vezes
a Brasília. Eram muitas as dificuldades. Nós sabíamos em que comissões
éramos perseguidos e acolhidos. O que mais doeu foi no final, o parecer
desfavorável do Ministério da Saúde, que não compareceu em nenhuma
das comissões e audiências públicas em que passamos. Mas eu já tinha
conseguido chegar à Casa Civil e despertar a simpatia deles para a nossa
causa. Então, eu liguei para aministra Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e pedi que
nos ajudasse, porque tínhamos lutado tanto para a aprovação da Lei. Então,
o Ministério da Saúde ligou para mim para pedir desculpas, mudando o