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sei que ele tem alguma coisa”. Então, eu tive que buscar por conta própria
o diagnostico, estudando por conta própria, eu fui ler livros de psiquiatria,
psicanálise, psicologia e entendi que meu filho tinha autismo e entendi
que autismo não tinha cura. Isso é muito duro, a fase mais difícil foi essa. A
partir dali, eu tive que convencer as outras pessoas a minha volta, a família,
o marido, meus pais, todo mundo eu tive que convencer, ninguém aceitava
esta realidade, ninguém achava que ele tivesse alguma coisa, e eles só
foram aceitando quando o tempo passou e o autismo cresceu com ele.
Você descobriu o autismo do seu filho pelo que você pesquisou,
nenhummédico chegou a esse diagnóstico?
Fui a muitos médicos, e nenhum me deu um diagnostico e a maioria
deles me dizia assim “Ele não tem nada, é o tempo dele” e eu acredito que
o único que desconfiou que ele tinha alguma coisa, também não teve
coragem de falar abertamente ou não sabia o que ele tinha. Um dia meu
filho teve um stress tão grande que caiu muito cabelo e ficou aparecendo
o couro cabeludo. Então, fui ao medico e falei “meu Deus o que esta
acontecendo, será que tem algo mais?” Então, ele me disse assim “nossa, é
o stress, acho que ele perdeu esse cabelo por causa do stress, por causa da
doença dele”, aí eu perguntei: “Mas qual é a doença dele?” Ele não me disse
nada. Aí eu perguntei: “Mas eu preciso saber o que ele tem, o senhor ainda
não me disse.” E ele também não sabia. Ninguém me deu um diagnostico.
Então, quando eu fui ao último, ele fechou o diagnostico. Na verdade, ele
disse com todas as letras na primeira consulta, confirmando o que eu já
sabia: “Ele tem autismo sim”.
Diante de tudo que você passou comseu filho, fale umpouco sobre
a diferença do autismo com e sem tratamento.
A diferença é gritante, porque a mãe muda também. Quando o filho
autista melhora, a mãe também melhora. Uma vez, num ônibus, enquanto
meu filho estava arrumadinho, bonitinho, penteado, vestido direito e muito
bem comportado, os filhos das mães que ainda não tinham tratamento
estavam se acabando dentro do ônibus, indo pra cá, indo pra lá, um
querendo sair pela janela, o outro arrancando o cabelo da mãe, e todos eles
estavam desgrenhados, um arrancou botão da roupa, outro tirou o sapato,
todos eles estavam com marcas de se machucarem, marcas na mãe, de
terem arranhado as mães, tinhammil problemas, era só olhar e você via. Era
um caos dentro do ônibus. Eu logo notei e vi que eram autistas, então eu