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perguntei se realmente eram e elas confirmaram que sim, porém com uma

tristeza, desânimo e aquele cansaço. Então, falei com elas “o meu também é

autista”, e elas responderam afirmando que o meu não era autista e diziam

que parecia um príncipe sentado, então eu respondi que o meu filho estava

sendo tratado. “Que milagre é esse?”, disseram. Então eu falei para elas que

era o tratamento, e que ele não tomava medicamento e era uma terapia

comportamental.

Esse tratamento do seu filho era educacional e terapêutico? Fale

um pouco sobre ele.

Era uma mistura na verdade, era uma clinica-escola. O tratamento em

si era comportamental, era uma mistura de Aba com Son-Rise

16

. Então o

profissional avaliava bem a criança, estudava muito o comportamento

daquela criança. Utilizava muitas vezes só o Aba, às vezes misturava com

Son-Rise e, às vezes, nem uma coisa e nem outra. Eles falavam que era

behaviorismo e funcionava. Então aquele que já estava bem na terapia,

podia subir para a escola que era no andar de cima. Era bem individual,

uma professora para um aluno. O Dayan foi alfabetizado durante a terapia.

Alémdo tratamento terapêutico é necessário uma adaptação e um

trabalho adequado na escola?

Sim, com toda certeza. O comprometimento do meu filho era tanto,

que era umperigo para ele e para os outros ele estudar numa escola. Omeu

filho ficou oito anos nessa clínica-escola. O que funcionava muito bem era o

preparo das professoras. Mas o terapeuta trabalhava junto com elas.

Com a necessidade do apoio multidisciplinar, a educação e o

tratamento da pessoa com autismo ficam muito caros. Por isso, a Lei

12764/12 tornou-se fundamental para as famílias compoucos recursos

financeiros, pois garante esses direitos aos seus filhos. Alémdisso, a Lei

diz que omediador escolar do aluno autista temque ser especializado.

Oalto custopara o tratamento é porque não hámuitomaterial humano.

Então, quando há, os serviços ficam caros por causa da procura, porque

alguns querem tirar proveito. Isto inviabiliza o tratamento de muitos. Outra

coisa, a pessoa que sabe também deve gostar muito do que faz. Para se

entender com o autista é preciso isso. E passar o que sabe para os outros.

16 ABA e SON-RISE são técnicas comportamentais utilizadas em todo o mundo, que trazem um conjunto de estratégias visando

à interação e o relacionamento social na educação da pessoa com autismo. Fonte: CUNHA. Eugênio. Autismo e inclusão:

psicopedagogia e práticas educativas na escola e na família. 5ed. Rio de

Janeiro:WAK

, 2014.