15
Cabe às famílias entender melhor esses sujeitos, entendê-los na plenitude
de suas particularidade, adentrar nesse mundo exótico e fazer contato
com a essência do outro. Uma mente que opera de outra maneira precisa
ser respeitada em seus limites. Respeitar as diferenças para se chegar a
um resultado satisfatório. É a busca de um equilíbrio entre as formas de
interação, para que a criança seja mais segura de si ao lidar com o seu
entorno, para tornar-se efetivamente parte dele, e não à parte do mesmo.
Aumentar a confiança, a motivação, a compreensão, a flexibilidade (do
profissional e da criança), o nível de interação e a responsividade, para
talhar os rumos das vidas dessas “mentes especiais”. Traduzir os significados
dos nossos significados para esse mundo certamente não é uma tarefa fácil,
mas é imprescindível para se pensar em um futuro mais digno para essas
crianças.
Não existe apenas uma forma de se trabalhar com autistas, assim como
não há uma só maneira de se ser autista. Há, sim, diversos métodos que
são mais eficazes, ou menos, dependendo de cada caso. Na atualidade,
os mais difundidos são o PECS, o DIR-Floortime, o ABA, o TEACCH, o Son-
rise, mas há outros, e ferramentas para esse trabalho não faltam, o que é
necessário é ter sensibilidade para entender como se deve lidar com cada
caso, para não ignorar as necessidades de cada ser humano, para se chegar
ao êxito rompimento dos entraves que afetam o desenvolvimento e levar
o indivíduo a uma vida mais sadia em sua convivência social, e ao pleno
alcance de suas potencialidades.
Novas pesquisas certamente apontarão outros caminhos a seguir,
ainda se conhece relativamente pouco, mas a atuação dos profissionais da
estimulação precoce deve ser valorizada, pois é uma esperança concreta
para famílias que buscamomelhor para os seus filhos. Se não podemoperar
milagres, podem ajudar uma criança a sorrir para a vida, e a formar sujeitos
capazes também de contribuir para a humanidade. Para isso é preciso
também que as famílias abandonem o medo e o preconceito e sejam o
amparo de que eles tanto necessitam. O primeiro passo é aprender a ver.
REFERÊNCIAS
ALESSANDRI, Michael; CURATOLO, Paolo; MINTZ, Mark.
Abordagens
Terapêuticas para os Transtornos do Espectro Autista.
In: RAPIN,
Isabelle; TUCHMAN, Roberto. Autismo: abordagem neurobiológica. Porto
Alegre: Artmed, 2009, p. 301.