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Coma palavra, o Associado

ANO 03 – Nº 03 – OUTUBRO DE 2014

AQUELE ROSTINHOPÁLIDO ...

S

obre a minha relação com a

CNEC não me falta inspiração.

Agradeço pelo ensejo de manifestar-

me como que em preito de

generosidade por tudo que ela me

proporcionou. Na CNEC eu estudei

(Colégio França Júnior – Penha

– RJ), conquistei muitos amigos,

inclusive a oportunidade de ter-

me casado e deste casamento ter

constituído a minha família. E nesta

integração já vão mais de 50 anos,

como aluno, dirigente, diretor de

departamentos e Assessor de Felipe

Tiago Gomes na Administração

Nacional. Atualmente um dos 60

associados que participam do

modelo corporativo da CNEC, vivo

a satisfação de continuar fazendo

parte desta história, com orgulho.

Sobre as perspectivas para 2014

não me atrevo. Bastaria dizer que

confio na capacidade dos atuais

dirigentes, que têm dado provas

da consolidação do movimento

cenecista, adaptando-o à realidade

brasileira. Não é mais aquela do

século passado, quando nasceu, em

1943, e se desenvolveu através dos

mais de 2.000 educandários; mas

continua cumprindo sua missão

mostrando-se uma instituição séria,

idônea e competente.

É sempre bom relembrar!

E eu

relembro com certa emoção, pois

muitas vezes ouvi essas histórias

relatadas pelo próprio fundador, o

inesquecível amigo FELIPE TIAGO

GOMES, criador da Campanha

Nacional de Escolas da Comunidade.

Entre tantas, lembro-me da que era

atribuída a BENEDITO NARCISO DA

ROCHA – Professor de Geografia do

Curso de Admissão e que viera a ser

o Primeiro Diretor do Ginásio Castro

Alves. Esta história está narrada pelo

fundador, no livro HISTÓRIA DA

CNEC – Vol. I, publicado em 1962,

numa edição que conta as lutas e

vitórias vividas no período de 1943 a

1949. Uma edição datilografada por

Napoleão Leal de Araujo, diretamente

no estêncil, com revisão de Edvaldo

Correia Siqueira e por mim impressa

no duplicador Gestetner. Os recursos

financeiros, naqueles tempos, eram

escassos, e muito do que fazíamos

era puro improviso. Um desses

exemplares, com autógrafo de Haya

de La Torre, figura em meus arquivos

pessoais.

Vamos à história:

“AQUELE PÁLIDO

E SORRIDENTE ROSTINHO .... - UM

PEQUENO GINASIANO POBRE – As

aulas do “Ginásio Castro Alves” têm

aspectos pitorescos. É deveras raro

presenciar o espetáculo noturno que

observo todas as noites. Rapazes e

garotos assistem atenciosamente, de

pé, por mais de 2 horas, às explicações

que lhes ministram jovens professores,

mais novos talvez, do que muitos dos

seus alunos.

Mas, dentro deste drama cotidiano,

existem outros dramas, quiçá mais

pungentes e de que só nos é dado ter

conhecimento depois de obtermos

um contato mais íntimo com os

discípulos. Foi assim que conheci a

história do pequeno Clóvis. Clóvis é

umpequeno extremamente irrequieto

e sagaz. A princípio observei-o apenas

como sendo o aluno mais vadio da

classe. Só aos poucos descobri possuir

viva inteligência e curiosidade além do

normal, para os meninos de sua idade.

Repreendia-o bastante: “Clóvis, fique

quieto!” “Clóvis, cesse a conversa!”

Ele obedecia sempre, mas para,

instantes depois, estar debruçado

sobre osmapas à procura de acidentes

geográficos ou a interromper as

explicações, para fazer perguntas que,

por vezes, embaraçavam-me. Sabia

de cor um formidável número de

acidentes geográficos e põe sempre

os dedos a estalar quando faço

qualquer pergunta, - sinal de já ter

formulada a resposta precisa e segura.

Um incidente houve que o pôs em

destaque: alguém conseguiu apanhar

um caranguejo na maré e, não sei

como, veio parar em suas mãos. Certo

é que ele enrolou o “bicho” em papel

e levou-o assim para a aula. O “pobre”

caranguejo, preso, é claro, tentou

safar-se e obteve êxito no seu intento,

dado a pouca resistência do invólucro.

O atento garoto, todo olhos e ouvidos

à aula de português, esqueceu-se

por completo do embrulho que havia

trazido. O caranguejo, livre, principiou

um passeio pela sala, agarrando-se

às pernas de muitos, transformando

a aula em algazarra. Facilmente foi

descoberto quem havia trazido o

caranguejo. Clóvis, o interrogado,

confessou que não o trouxera ali com

intuitos anarquistas e sim para levá-lo

e, mais tarde, saboreá-lo.

Dias depois realizei a primeira prova

mensal do GINÁSIO CASTRO ALVES.

Convidei diversos acadêmicos, de

diversas faculdades, para participarem

da banca examinadora, isto porque

a prova tinha que ser oral, pois não

possuíamos carteiras onde os alunos

pudessem escrever. Eu não quis

participar da banca, pois aos quatro

primeiroscolocados seriamconferidos

prêmios. Verificados os resultados das

provas, Clóvis havia obtido o quarto

lugar. Os três outros haviam sido

devidos por rapazes muitomais velhos

Coma palavra,

o Associado

Antônio Joaquim Coelho da Cunha – Associado Representativo da CNEC/RJ