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ANO 04 • nº 01 • MARÇO de 2015 •

No entanto, com toda essa gama de

possibilidades, sempre mais, vemos a

humanidade escrava de seus próprios

inventos. Aos poucos, fomos perden-

do a afetividade, a sensibilidade e o

respeito pela vida humana, mesmo

que proclamemos o contrário em

nossos discursos. No seio da família,

pouco se pratica o diálogo entre pais

e filhos, pois ambos, inclusive quando

saem para jantar no final de semana,

estão absortos na tela dos seus celula-

res. É comum em roda de amigos, das

mais diversas idades, cada um, em vez

de conversar com o amigo ou o filho

a sua frente, comunica-se com outro

distante dali. No campo de trabalho,

ou em qualquer contexto social, é

também essa a realidade. Por mais que

esses meios tenham contribuído com

a humanidade, também a escravizou.

Por outro lado, houve avanços fantás-

ticos nos Direitos Humanos para que a

individualidade de cada um fosse res-

peitada. No entanto o quemais vemos

é o desrespeito às diferenças. De todas

as partes do mundo assistimos ao que

o ser humano é capaz de produzir, em

nome de interesses econômicos, polí-

ticos ou por crenças religiosas. Guer-

ras, decapitações, violências das mais

diversas ordens, entre tantas barbáries,

tornam reais no mundo contemporâ-

neo situações que acreditávamos te-

rem ficado nos livros de história. Essa

é a dicotomia humana, que, por um

lado, tem a grande capacidade de criar

e inventar coisas incríveis, mas que, por

outro, tem atitudes degradantes.

Somado a isso, assistimos, diariamen-

te, à preocupação global com os im-

pactos que causamos ao nosso meio.

Com o conforto buscado de forma

desenfreada, desrespeitamos tudo que

está ao nosso redor. Extraímos da na-

tureza os bens finitos, transformamo-

-nos, poluímos o meio com nossas

máquinas e deixamos um rastro de

sujeira em nossos rios e ar. Agora as-

sistimos, no Brasil, país com o maior

manancial hídrico do mundo, à real

possiblidade de não termos água para

beber em várias regiões.

Novamente, deixamos para os lei-

tores, pontualmente, muitos outros

desmandos humanos que pode-

ríamos colocar em discussão. No

entanto, como educadores, não so-

mos cavaleiros do apocalipse, pois

acreditamos, e muito, na transfor-

mação que a educação pode trazer

para garantir a caminhada humana

em busca de seus ideais, a sua felici-

dadee sentidode ser, de formaequi-

librada. É preciso resgatar valores,

mudar hábitos, em especial aqueles

que preservam a qualidade de vida

das relações, a ética, a honestidade

o respeito entre as pessoas e com

o meio. Valores aliás que, em outras

épocas, eram comuns e hoje se tor-

naramvirtude de quemos pratica.

As crianças e os jovens, muito mais

do que discursos, necessitam de

exemplos a serem seguidos. Na

história, aprendemos que as pala-

vras comovem, mas os exemplos

arrastam. Infelizmente nossos in-

fantes são bombardeados diaria-

mente com tragédias, desrespei-

tos, (des)honestidades, falta de

ética, desvios de todas as formas.

Aqui talvez encontremos respostas

por que tantos jovens procuram

as drogas, aceitam unir-se com

aqueles que destroem, criam e

convivem com ambientes onde a

vida temmenos valia, pois o exem-

plo que recebem lhes tira o sentido

de viver. É preciso uma revolução de

mudança de atitudes e reviver valores.

“Sempre

mais, vemos a

humanidade

escrava de

seus próprios

inventos.”

É aqui que a Rede CNEC, com Uni-

dades em 19 Estados, com quase 100

mil estudantes e em torno de nove mil

colaboradores pode fazer a diferença.

É unindo as escolas, faculdades, famí-

lias e comunidades, para desenvolver

ações e projetos comuns, que pode-

mos dar a nossa contribuição. Não

estamos falando de atitudes ou pro-

jetos grandiosos, mas nos referimos a

resgatar atitudes, hábitos simples com

nossas crianças e jovens. Aqueles que,

por exemplo, em sua casa aprendem

a respeitar os outros, que arrumam a

sua cama, que ajudam no zelo e lim-

peza do lar, que aprendem a economi-

zar água e energia, que sabem quanto

podem gastar, que vivem os valores

da ética, do respeito, da honestidade,

entre outros, têm maiores chances de

serem pessoas e cidadãos melhores.

Aqueles que, nas escolas e faculdades,

viverem um ambiente de respeito, de

participação, de ética, de respeito aos

diferentes, de zelo nos ambientes, que

tenham projetos de inserção com co-

munidades menos favorecidas, convi-

vência e respeito com os idosos, entre

outros, além do desenvolvimento do

conhecimento científico, terão adqui-

rido as bases para exercitar sua cidada-

nia e realizar-se como humanos.

Assim, deixamos algumas reflexões e

provocações. Como dissemos no co-

meço, os temas comuns da educação

e da gestão não foram diretamente

aqui abordados, mas, como podemos

ver, esses impactam no ambiente edu-

cacional e exigem nova postura de to-

dos nós.

Com essas inquietações e motivações,

desejamos a todos um ano de realiza-

ções e que a nossa Missão possa ser

cumprida de forma integrada: escola,

família e comunidade.

Somente assim seremos capazes de

transformar e mudar o cenário que

hoje nos preocupa e tornar novamen-

te nossos lares, nossas escolas e nos-

sa sociedade espaços onde os valores

mais profundos de promoção da vida

sejam praticados.