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Ano 2 • n. 3 • jan/jun. • 2012
RobertaDaSilva - MarceleT.HomrichRavasio
função mítica, e aquele que provoca reverencia, terror e amor ao
mesmo tempo, o pai e aquele que sufoca, castra e que deve então
ser morto ou, no mínimo, vencido; ele é, além disso, o portador e
depositário das proibições. Seu assassinato é acompanhado de
culpa e veneração. Não existe mais o pai real. O pai real é sempre
um pai morto, e o pai morto é sempre um pai mítico. A partir do
momento em que a função paterna é reconhecida, os filhos são
oprimidos (1999, p. 31).
Na relação fálica entre a mãe e o filho, o Nome do Pai vai funcionar
para interditar/privar essa relação perfeita, impondo uma reflexão de
ambos os lados no sentido de teremperdido a completude, inscrevendo
a partir de então o desejo e o recalque originário. Então, estabelece-
se o sentido da lei, metáfora do limite, na formação do registro do
simbólico, identificada com a palavra do pai, único representante,
garantidor da legalidade da estrutura, do aparelho psíquico. E assim
para reforçar esses argumentos Duarte entende que a Psicanálise faz
referência a Lei simbólica como
[...]
a noção de Lei primordial, como fundadora das leis sociais. Ela
é estrutural, ou seja, independe do lugar, do momento histórico
e da constituição social. A Lei simbólica equivale ao que Freud
nomeou como Lei da interdição do incesto, cujo representante é
o pai que impede o filho de se deitar com a mãe. O gozo ao que
o sujeito aspira, o gozo desejado, figurado pelo incesto mãe-filho,
não é permitido em razão da intervenção da instância paterna,
representada pelo Pai simbólico. Este é menos o personagem
do genitor que uma instância legal; ele é um puro significante,
denominado por Lacan como Nome do Pai que barra o incesto
tanto da mãe quanto do filho (2009, p.92).
Alguém só pode tornar-se sujeito por meio do interdito proibitório
que possibilita a passagem da natureza para a cultura. O sujeito é
uma construção, não se autofunda, até porque é filho de alguém que
deve ceder seu lugar de filho e tem um nome pré-dado. O que se
produz é uma identificação decorrente da transformação do sujeito
quando assume esta imagem, mediante a intervenção de um terceiro
nomeador, instância simbólica. Para Duarte,