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MEMÓRIAS EVOCADAS, LEMBRANÇAS SIGNIFICATIVAS
CARMEM ZELI VARGAS GIL
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“O passado não é aquilo que passa,
é aquilo que fca do que passou”.
Alceu de Amoroso Lima (Tristão de Athayde)
Somos aquilo que lembramos. E como “
a experiência nunca
termina
” (Thonsom, 1997, p.76), estamos sempre refazendo,
relembrando o vivido. Isso nos faz lembrar o ditado popular recordar
é viver.
HALBWACS mostra que, aparentemente, nossas lembranças
são íntimas e exclusivas, mas, em realidade, elas são resultantes
da nossa convivência com os outros. Ainda mais, tudo o que
lembramos é parte das construções coletivas do presente; o nosso
passado chega até nós através das representações coletivas que
estão no presente. Lembrar não é um ato isolado, mas provocado
por pessoas ou coisas.
É, portanto, do presente que vem o chamamento para essa
escrita que sintetiza lembranças dos meus tempos na FACOS.
Tempos de aluna, tempos de professora, tempos de coordenadora
do Curso de História. Em 1983, ingressava como aluna do Curso
de Estudos Sociais. Primeiro dia de aula: era gente andando pra lá
e pra cá nos corredores do Colégio Marquês de Herval, cujas salas
eram ocupadas à noite pela FACOS/FACAD: Qual era mesmo a
sala de aula? Quem seria o professor? Qual o horário do último
período, pois o ônibus para Santo Antônio partia somente às
23h30min. Dúvidas, problemas e, certamente, sonhos. E logo, logo
encontramos o que fazer das 22h30min até o horário da saída do
ônibus: tomar vinho no bar.
E como não lembrar os professores que tive na FACOS: A
Zaida, a Dália, o Sérgio, o André, o Benito, o Arnoldo e, claro, tinha
o Ricardo Fitz, que era o professor da voz bonita que falava os
quatro períodos de aula sem consultar qualquer livro e quando
alguém fazia uma pergunta ele falava quase uma hora, mas ao fnal
voltava ao ponto e respondia, depois de fazer inúmeras relações.
6 Ex-aluna e Coordenadora do Curso de História da FACOS.