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Levarei apenas
o que couber em meu coração.
Mas o que for pesado
será desalojado
sem muita pena.
Levarei apenas
coisas leves,
pois
nas idas e vindas
por certo
renovamos a nossa face.
Levarei
coisas leves,
coisas simples.
Coisas de verão.
Como se vê,
levarei apenas
coisas que cabem
na palma
de minha mão.
Levarei
as canções
os rostos
os gestos
e as falas
e à sombra de uma
árvore meus pés
se banharão em águas
cristalinas.
Longa é a jornada,
mas os amigos
seguirão comigo.
Nas mãos a determinação
da bússola.
As provisões
os campos fornecerão
no momento certo
e os pássaros indicarão
a região das águas.
Agora é caminhar
o caminho traçado
enquanto
os pés fazem sulco
na terra.
Trago as mãos vazias
e os olhos cansados.
As palavras
ficaram perdidas
dentro da boca
e o coração
há muito
está despedaçado
com coisas inúteis.
Tenho estado muito
longe de casa
e tenho tido muita saudade.
Tenho estado longe
do meu país
e tenho o coração enrijecido.
Tenho estado
tão longe dos meus amados.
Peregrino
guardo as lembranças
como se fossem
alimento quente.
As nossas faces
serão outras
em outros sóis
em outras noites.
Fugazes
como a brisa,
como as nuvens
como os ventos.
Home, sweet home!
Nenhum lugar
é como o meu lugar.
Nenhuma casa
é como a minha casa.
Aqui
é o meu lugar
e a minha casa.
Seu nome
é calmaria
seu codinome
repouso.
Dione de Rezende
Poetisa mineira
VIAGENS